A história da Educação Surda no Brasil

27/09/2011 17:36

A História da Educação Surda no Brasil: INES, o Centro de Referência

   

  A história da educação de indivíduos surdos no nosso país começa na época do Brasil Império. O professor surdo francês Edward Huet, vindo do Instituto de Surdos-Mudos de Paris, com o apoio do Imperador D. Pedro I, funda o primeiro instituto destinado à educação de surdos no Rio de Janeiro em 26 de setembro de 1857. O instituto surge como Imperial Instituto Nacional de Surdos Mudos. Muito tempo depois, em 1956, muda o nome para Instituto Nacional de Surdos Mudos e, um ano depois, recebe o seu atual nome Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) (Moura 2000: 81 e Netto 2005: 31).

    A língua de sinais, existente naquela época no Brasil, recebe a influência da língua de sinais francesa de Huet. Não há dados registrando que sua metodologia empregasse a língua de sinais na educação dos surdos, mas, de acordo com Moura (2000, p.82), “considerando-se que ele [Huet] havia estudado com Clerc no Instituto Francês e que sua educação se deu através de Língua de Sinais, pode-se deduzir que ele utilizava os Sinais e a escrita” na educação dos surdos. Sabe-se que o currículo, por ele elaborado, compunha-se das disciplinas português, aritmética, história, geografia, doutrina cristã e linguagem articulada e leitura labial para os indivíduos surdos que possuíssem aptidão. Nota-se com isso, a preocupação com a instrução do educando surdo.

    Em 1881, o Dr. Tobias Leite, que assumiu a direção do instituto em 1868, publica o “Compêndio para o Ensino de Surdos-Mudos”. Com quatrocentas páginas, o livro divide-se em:

(1) parte theorica, estruturada através de perguntas e respostas que abordam as causas da surdez, a comunicação, a linguagem dos sinais e até a possibilidade do surdo aprender os conceitos religiosos.

(2) A outra parte diz respeito à orientação dos professores em relação ao ensino dos educando surdos. Apresenta, assim, exemplos minuciosos para o ensino dos elementos gramaticais, tais como: verbos, adjetivos, pronomes, advérbios etc., além de orientação para o ensino de arithmética e metrologia. Percebe-se que o Dr. Leite admitia a língua de sinais e a considerava importante junto ao alfabeto datilológico para estabelecer a comunicação e facilitação da relação professor-aluno.

    No “compêndio” de Leite, a educação do menino surdo limita-se ao nível primário e, de acordo com o período da história brasileira, o seu ensino é voltado para a atividade agrícola. O doutor compreendia que a “educação dos surdos-mudos” deveria atender à “obra sociológica”, formando cidadãos com direitos e deveres cívicos e à questão econômica, conforme o parecer do Dr. Leite:

    A educação dos surdos-mudos, que até o primeiro lustro deste século foi obra de caridade, tem sido desde então encarada por três faces muito diversas.

    Na Alemanha, na Inglaterra e nos países escandinavos é obra sociológica, que tem por fim aumentar o numero dos cidadãos capazes de compreender e bem exercer seus direitos e deveres cívicos.