Falando de Hellen Keller - Maria Lucia Rossi de Castro.

30/09/2011 16:03

 

Relato de surdos

Escrito por Maria Lucia Rossi de Castro surda - SP

 

    Caros amigos, surdos e ouvintes, não é por acaso que venho através deste, explicar a todos o porquê de estar entrando neste assunto tão polemico entre deficientes auditivos de todo o Brasil. Gostaria de começar a falar sobre Hellen Keller.

    Por que ela é tão famosa no mundo inteiro? Por ser surda e cega?

    Mas, não existem varias criaturas com estas deficiências (segundo ouvi falar numa associação de surdos-mudos-cegos)? E o que a fez deferente dos outros?

    Digo: foi a luta, o esforço de toda vida que a levou a aprender não só a se comunicar com as pessoas como também a aprender a falar. Helen Keller aprendeu a falar: inglês, francês e alemão. Repito: ela aprendeu a falar e não a gesticular as línguas. Lembrando que ela era cega!

    Já que ela é um símbolo é um exemplo pra nós, surdos, gostaria de escrever aqui, um trecho do escrito por ela mesma, intitulado “A História de Minha Vida”.

 

    “...Pudesse, os ouvintes possuir-se de toda a alegria que sinto ao dirigir-lhes hoje a palavra, teriam então, a ideia exata do quanto vale a fala para os surdos e saberiam porque insisto em que todos sejam ensinados a falar... Não entendo como pessoas versadas em assuntos educacionais podem desprezar a alegria que sentimos em poder exprimir pensamentos em palavras vivas (voz)”.

Hellen Keller

    Não pretendemos com esta carta mudar o que já foi predeterminado pelas associações dos surdos em todo o Brasil ou então, no estado de São Paulo. Queremos sim, protestar sobre a eliminação do aprendizado da fala aos surdos. Se a libras facilita a vida dos surdos que seja ensinada juntamente com a fala, ou então que se dê liberdade aos pais para optarem por cada um em separado ou aos dois juntos.

    A maior razão desta carta é sim defender aos direitos dos surdos que foram ensinados a falar e aos que optaram pela fala e não libras. A proibição da fala é um assunto anti-natural, o criador fez o homem com boca, não só para comer, mas também para se comunicar, seja surdo ou não.

    Proibir a fala nas escolas de surdos é um ato de extremo radicalismo e tudo que é radical, é desumano e antidemocrático.

    Que haja também mais tolerância e fraternidade com os surdos que são oralistas. Estamos voltando a idade média? De onde parte esta nova inquisição, que maltrata os surdos que foram educados como oralistas?

    “Havemos de falar e havemos de cantar, porque Deus quer nossas palavras e nossos cantos”

 Hellen Keller