O que é Libras? Língua Brasileira de Sinais

30/09/2011 16:20

O QUE É LIBRAS?

Língua Brasileira de Sinais

    A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS define a Língua Brasileira de Sinais – Libras como a língua materna2 dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com esta comunidade. Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerado instrumento lingüístico de poder e força. Possui todos elementos classificatórios identificáveis numa língua e demanda prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. (...) É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística.

    Segundo Sánchez (1990:17) a comunicação humana “é essencialmente diferente e superior a toda outra forma de comunicação conhecida. Todos os seres humanos nascem com os mecanismos da linguagem específicos da espécie, e todos os desenvolvem normalmente, independentes de qualquer fator racial, social ou cultural”. Uma demonstração desta afirmação se evidencia nas línguas oral-auditiva (usadas pelos ouvintes) e nas línguas viso-espacial (usadas pelos surdos).

    As duas modalidades de línguas são sistemas abstratos com regras gramaticais. Entretanto, da mesma forma que as línguas orais-auditivas não são iguais, variando de lugar para lugar, de comunidade para comunidade a língua de sinais também varia. Dito de outra forma: existe a língua de sinais americana, inglesa, francesa e varias outras línguas de sinais em vários países, bem como a brasileira.

    A estrutura da Língua Brasileira de Sinais é constituída de parâmetros primários e secundários que se combinam de forma seqüencial ou simultânea. Segundo Brito (1995, p. 36 – 41) os parâmetros primários são:

a) Configurações das mãos, em que as mãos tomam as diversas formas na

realização de sinais. De acordo com a autora, são 46 configurações de mãos

na Língua Brasileira de Sinais;

b) Ponto de articulação, que é o “espaço em frente ao corpo ou uma região do

próprio corpo, onde os sinais são articulados. Esses sinais articulados no espaço são de dois tipos, os que articulam no espaço neutro diante do corpo e os que se aproximam de uma determinada região do corpo, como a cabeça, a cintura e os ombros”; (BRITO, 1995).

c) Movimento, que é um “parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso, os movimentos direcionais no espaço até conjuntos de movimentos no mesmo sinal. O movimento que as mãos descrevem no espaço ou sobre o corpo pode ser em linhas retas, curvas, sinuosas ou circulares em várias direções e posições”. (BRITO, 1995).

Quanto aos parâmetros secundários tem-se:

a) Disposição das mãos, em que as “articulações dos sinais podem ser feitas apenas pela mão dominante ou pelas duas mãos. Neste último caso, as duas mãos podem se movimentar para formar o sinal, ou então, apenas a mão dominante se movimenta e a outra funciona como um ponto de articulação”;

(BRITO, 1995)

b) Orientação da palma das mãos, “é a direção da palma da mão durante o sinal: voltada para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a esquerda ou para a direita. Pode haver mudança na orientação durante a execução do movimento”; (BRITO, 1995)

c) Região de contato, “refere-se à parte da mão que entra em contato com o corpo. Esse contato pode-se dar de maneiras diferentes: através de um toque, de um risco, de um deslizamento etc.” (BRITO, 1995)

d) Expressões faciais “muitos sinais, além dos parâmetros mencionados acima, têm como elemento diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, traduzindo sentimentos e dando mais sentido ao enunciado e em muitos casos determina o significado do sinal” (SILVA, p. 55, 2002). Ou seja, podem expressar as diferenças entre sentenças afirmativas, interrogativas, exclamativas e negativas.

REFERÊNCIAS

Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina

Unidade São José – Coordenadoria de Cultura Geral

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos

BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995.

SILVA, Fábio I.; SCHMITT, Deonísio; BASSO, Idavania M. S. Língua Brasileira

de Sinais: pedagogia para surdos. Caderno Pedagógico I. Florianópolis :

UDESC/CEAD, 2002.